Quando Édouard Manet exibiu em 1863, no Salão dos Recusados, o seu quadro Le Déjeuner sur l'Herbe, desencadeou um escândalo estético e moral. Inspirando-se na composição bucólica Concerto Campestre, de Tiziano (em tempos atribuído a Giorgione), Manet coloca numa paisagem natural, pintada propositadamente com pouco esmero, quatro figuras: no primeiro plano, dois homens que conversam, vestidos, junto a uma jovem nua e aos restos de um pic-nic (pão e cerejas) transformado em natureza morta; no segundo plano, uma outra figura feminina (em camisa de dormir), com água até ao joelho, dentro de um ribeiro.Além do choque provocado no público pelo contraste entre a nudez muito branca da primeira mulher e a roupa escura dos homens, a própria forma de pintar de Manet gerou muitas perplexidades e resistências, que a defesa apaixonada do quadro por Émile Zola (1867) não chegou a atenuar. Alguns críticos de arte explicam a estranheza perturbadora desta obra com o facto da sua iluminação ser "fotográfica", quase sem sombras e pouco "natural".
Dois séculos depois a tacanhez de algumas mentes ainda fica afectada com a nudez, mesmo que artística e dissimulada, quando nos basta ligar a televisão para sermos atacados por nudez que nada de artística tem.
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1 comentário:
Só na elevação os elevados se elevam ...
A beleza não se compadece de falsos moralistas, por isso esses são como o pão e como as cerejas podres, ficam de lado ... e que aproveitem os elevados.
Interesante iniciativa ... aos humildes se calhar um pouco mais explicado de forma clara conseguiam essa tal elevação, e perceber que a diferença e o desenvolvimento necessitam de cortar com as falsas amarras pré-concebidas.
Continuem ..., mas expliquem com simplicidade e clareza
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