As Assembleias Municipais de Abril costumam ser as mais animadas das cinco que anualmente se realizam, não por se realizarem no mês da Liberdade, mas pelo simples facto dos executivos terem de prestar contas perante este órgão.
Quando realizadas em ano eleitoral o seu interesse é acrescido, pois é umas das últimas oportunidades das facções esgrimirem argumentos e apresentarem os seus trunfos, mesmo aqueles que não se apresentam nas restantes, afiguram-se para tentar brilhar.
Mas infelizmente, tentar é apenas a procura de atingir o objectivo a que se propõem e não a obtenção do mesmo.
Amândio Ribeiro propõe, pela segunda vez consecutiva, mas pelo menos desta vez foi a horas e dentro do contexto, a alteração da carta educativa do concelho e a criação de uma comissão de acompanhamento da qual fariam parte um elemento de cada Junta de Freguesia e um elemento de cada partido com representação na assembleia.
Tentou, mas o resultado foi o segundo pior que lhe poderia acontecer, um voto a favor, o seu. Pior, só mesmo o próprio proponente não votar na sua proposta, cenário que cheguei a considerar possível, pensei que enquanto apresentava a proposta se apercebesse do burlesco que estava a anunciar, repensasse chegando à razão, mas não, o orgulho tem destas coisas.
Artur Penedos por sua vez, decidiu dedicar o seu tempo de antena ao relatório de Contas.
Após voto contra da bancada socialista, quando anteriormente os vereadores do seu partido se abstiveram em reunião de Câmara, Artur Penedos na sua intervenção tem apontamentos no mínimo estranhos para uma pessoa com responsabilidades na área Social e Laboral.
Estando o País a atravessar umas das maiores crises económicas de que há memória, o líder da bancada socialista criticou o facto do aumento dos custos do Município com o pessoal, esquecendo ter sido o Governo liderado por José Sócrates, a quem o próprio presta assessoria, que recomendou todos os municípios a passarem o seu pessoal para o quadro e a procederem às respectivas promoções.
Para além disso, com um sentido de oportunidade só superado por Manuel Ruão, que em conferência de imprensa classifica a gestão de Celso Ferreira como “ruinosa”, fala de uma gestão “sem rigor e irrealista”, no mês em que sai o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses que coloca Paredes em 15º lugar na lista dos Municípios com menor dívida por habitante entre os 308 existentes no País, como se não bastasse, muito recentemente, a FEPICOP (Federação Portuguesa da Industria da Construção e Obras Públicas), no seu relatório de Primavera de 2008, anuncia Paredes entre os Municípios que pagam aos seus fornecedores num período inferior a 3 meses, ou seja, para além de Paredes apenas mais 50 Municípios, dos mesmos 308 no país o conseguem.
Se considera esta gestão “sem rigor e irrealista”, penso que o Primeiro-ministro terá de rever as suas assessorias e pedir a António Guterres que faça as contas.
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses
Inquérito Semestral da Primavera de 2008 FEPICOP