27 junho 2009

Do Terror de 2001 ao Medo de 2009

Artur Penedos, na passada semana, deu uma grande entrevista a um jornal semanário da nossa região, como é evidente li com a maior das atenções que qualquer candidato à Câmara Municipal do “meu” concelho merece.
Mas, no final, apenas uma grande novidade extraí do seu discurso comparativamente ao da sua última candidatura.
Em 2001, o assessor do Primeiro-ministro em época eleitoral, insistia em expressar que o concelho de Paredes vivia dominado por um clima de terror, passados oito anos Artur Penedos tem uma visão completamente diferente do que é Paredes, pois para ele actualmente o mesmo concelho “está dominado por um clima de medo”.
Visão que compreendi perfeitamente, uma vez que tal como todo o mundo, após o devastador atentado em Nova Iorque ao World Trade Center em 11 de Setembro de 2001, Paredes viveu períodos de Terror. Passados estes anos, a ameaça de tais acontecimentos se repetirem tornou-se mais escassa, sendo agora a nova ameaça, o medo, medo esse que advém dos resultados da aposta em grandes obras como o TGV, o novo aeroporto e uma terceira travessia sobre o Tejo, plano engendrado por José Sócrates para a recuperação da actual crise.
Para além de apontar esta colossal diferença, Artur Penedos na sua grande entrevista não conseguiu apresentar uma única ideia, identificar um único problema dos seus eleitores, apresentar qualquer tipo de solução e verbalizar qual o rumo pretendido para o Concelho ao qual se candidata.
Situação estranha no mínimo, para um pretendente ao cargo máximo de um Município, principalmente quando teve oito anos desde a sua última candidatura, tempo mais que suficiente para poder organizar um programa, um conjunto de medidas, projectos e acções para o desenvolvimento e melhoria das condições de vida da população do concelho de Paredes, que o próprio tem vindo a afirmar por diversas vezes conhecer melhor do que alguns paredenses.
Estranhei ainda o facto de Artur Penedos, não conseguir enumerar uma única proposta ou medida relativa ao concelho de Paredes, apresentada por si no exercício dos cargos ocupados como Deputado Assembleia da República entre 1991 e 2005 bem como no actual cargo de Assessor do Primeiro-ministro.
Pois, se bem me lembro, durante o mesmo período acumulou cargos de responsabilidade no Município, Vereador entre 2001/2005 e deputado da Assembleia Municipal de Paredes, entre 2005/2009.
Facto mais do que passível de um esforço legítimo para melhorar a terra pela qual foi eleito.
Assim, mais uma vez Artur Penedos candidata-se à Câmara Municipal de Paredes, assegurando o seu lugar como deputado na Assembleia da República independentemente de ser eleito Presidente da Câmara e tem novamente a oportunidade de nos próximos 4 anos esquecer completamente Paredes e voltar apenas em época eleitoral para salvar o concelho do terror e do medo.

20 junho 2009

Teimosias

A teimosia do actual Governo no investimento em grandes obras, vai ser sem dúvida um dos temas que irá marcar as próximas legislativas.
TGV, aeroporto e terceira ponte sobre o Tejo, são as grandes apostas de José Sócrates para a recuperação económica do país.
Esta obstinação do PS deverá levar os portugueses a fazerem uma séria reflexão sobre as vantagens e desvantagens destes investimentos antes de irem às urnas nas próximas eleições.
No caso do TGV o governo prevê uma ligação Lisboa – Porto e uma Lisboa – Madrid.
Relativamente a esta ligação com a conclusão da modernização da linha do norte, que se encontra em curso, faltando apenas concluir duas variantes, a relação custo/benefício deixa de existir uma vez que para ganharmos cerca de 30 minutos com o TGV, teríamos de investir cerca de 4.5 mil milhões de euros, seria sem dúvida a meia hora mais cara da nossa história.
No que concerne ao novo aeroporto, para além do facto do investimento de cerca de 3,5 mil milhões de euros, levanta-se um problema incontornável na situação de crise mundial que nos encontramos.
O decréscimo natural de tráfego aéreo, dificultando em muito a atracção de investidores privados, obrigando o Estado a avançar com grandes garantias ficando o risco todo do lado do público saindo caro ao contribuinte.
No caso da nova travessia sobre o rio Tejo o problema que se levanta é o acréscimo de entrada de viaturas, que poderá ascender a 30.000 por dia numa Lisboa já saturada de tráfego, com consequências no estacionamento já precário, na deterioração da qualidade do ar e do ruído, quando nos restantes países europeus, se tem encetado esforços precisamente no sentido contrario de retirar tráfego automóvel do centro das cidades.
Mas se reflectirmos bem sobre estes investimentos encontramos um factor curioso, mas comum em todos eles, Lisboa.
Com apenas três investimentos, José Sócrates pretende gastar cerca de 10 mil milhões de euros em projectos que envolvem Lisboa.
Assim, a principal preocupação dos portugueses nas próximas eleições deverá ser centrada no que será feito do restante país.
Qual as reais vantagens para Portugal, para além de Lisboa, destes investimentos.
Em que aspectos estas grandes obras trarão criação de riqueza ao resto do país e equilíbrio territorial que urge ser promovido.

08 junho 2009

Europeias 2009

Dos resultados das eleições do passado dia 7, podemos retirar algumas elações importantes.
A primeira, senão a mais importante, é a baixa taxa de participação por parte dos portugueses, cerca de 36%, colocam mais uma vez Portugal abaixo da média europeia que é de 43%, sendo a segunda mais baixa desde da nossa entrada na comunidade europeia em 1986, demonstrando um claro desinteresse e falta de identificação por parte dos portugueses nas questões europeias.
No que respeita aos resultados políticos partidários, podemos considerar que estamos perante dois vencedores e um grande derrotado.
Os grandes vencedores foram sem dúvida o Partido Social Democrata e o Bloco de Esquerda e o grande derrotado, o partido de José Sócrates.
Este cartão alaranjado que os portugueses deram ao Partido Socialista, obrigará o Primeiro-ministro pensar muito até às próximas legislativas, porque perde cerca de 18 pontos percentuais relativamente às anteriores eleições europeias, numa eleição muito personalizada por parte de José Sócrates, que fez questão de comparecer em diversas acções de Campanha de Vital Moreira, provavelmente após de se aperceber que ao apresentar um candidato na busca dos votos da esquerda para além do PS, não terá sido a melhor opção.
Quanto aos vencedores, mais concretamente no que respeita ao Bloco de Esquerda, estas eleições foram o momento de afirmação do Bloco como a terceira força partidária, deixando de ser aquele partido simpático de oposição minoritária.
Mas os reais vencedores das eleições de dia 7 foram Manuela Ferreira Leite e o inesperado e desconhecido, Paulo Rangel, que consegue ao contrário de todas as previsões uma vitória expressiva.
Manuela Ferreira Leite apesar de ter feito uma travessia no deserto, de ter a sua liderança constantemente a ser posta em causa, e ainda há poucos meses ter sido dada como acabada, resistiu e provavelmente terá agora mais do que nunca o partido unido à sua volta tendo condições para criar uma nova força, dinâmica e fulgor para as próximas eleições autárquicas e legislativas.
Paulo Rangel, por sua vez, passou de ilustre desconhecido a herói em apenas um domingo, conseguindo dar ao PSD a primeira vitória nas eleições europeias, em 20 anos.
Mas em qualquer balanço que se faça sobre as eleições europeias de 2009, terá quase obrigatoriamente de se falar nas sondagens. As indagações deste sufrágio tiveram de tudo, desde uma larga margem do PS até a erradicação do CDS.
Com estas previsões podemos dizer, que já não se fazem sondagens como antigamente.

06 junho 2009

O Desnorteado e o Eclético

O Desnorteado
No passado dia 16 de Maio, no âmbito do Programa Novas Oportunidades, o primeiro-ministro José Sócrates acompanhado pela ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, deslocou-se a Penafiel para proceder à entrega de diplomas a 130 formandos.
No mesmo dia, o Secretário de Estado da Protecção Civil, José Miguel Rodrigues, desloca-se ao nosso concelho de Paredes, mais concretamente ao CFPIMM na cidade de Lordelo, no âmbito do mesmo programa para entregar 200 diplomas.
Considerei uma situação perfeitamente normal tendo em apreciação a época pré eleitoral que nos encontramos.
Surpreendido apenas fiquei com o facto de o actual candidato do partido Socialista, à Câmara de Paredes ter preferido estar presente na cerimónia do concelho vizinho em detrimento do concelho a que é candidato.
Mas, após alguma reflexão, encontrei a única razão possível para a sua preferência, que é perfeitamente aceitável, confusão nos limites do concelho que ele tão bem conhece.
Provavelmente ao ter a ideia que Paredes é um concelho grande, Artur Penedos equivocou-se e imaginou que seria ainda maior do que realmente ele é, e Penafiel seria apenas mais uma freguesia do Concelho.
O Eclético
Reconheço que em tempos ao ler uma crónica de um membro do Partido Socialista e membro da Assembleia Municipal sobre os “vira-casacas” fiquei na dúvida a quem o cronista se referia.
Nesse artigo opinativo, o comentador louvava os Presidentes de Junta que mantinham a sua fidelidade ao partido com que se comprometeram e ostracizava os que pelo contrário “à boa maneira portuguesa do chico espertismo se associavam ao adversário político, esquecendo os princípios e os partidos que os elegeram”.
Mas com a apresentação do mandatário do Partido Socialista todas as minhas dúvidas sobre a quem se referia foram dissipadas.
Estranhei e discordei em geral com o artigo, mas principalmente do termo utilizado “vira-casacas”, penso que se adequaria mais a palavra eclético.
É que uma casaca apenas dá para virar para dois lados, enquanto o ecletismo permite uma maior amplitude, e tendo em consideração o passado político da pessoa em questão, apoiante de Jorge Malheiro - Presidente da Câmara pelo CDS, eleito Presidente de Junta pelo PSD e agora mandatário do PS.
Eclético é sem dúvida a palavra que melhor se adequa, é que o eclectismo permite ainda a abrangência da possibilidade de nas autárquicas de 2013 ser apoiante, candidato ou mandatário da CDU ou do Bloco de Esquerda.